ATA DA SÉTIMA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 30.12.1988.

 


Aos trinta dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sétima Sessão Extraordinária da Décima Terceira Sessão Legislativa Extraordinária da Nona Legislatura. Às doze horas e trinta e seis minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Elói Guimarães, Gladis Mantelli, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Luiz Braz, Rafael Santos, Valdir Fraga, Wilton Araújo, Getúlio Brizolla e Isaac Ainhorn. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e concedeu a palavra aos Vereadores Jorge Goularte, Rafael Santos, Valdir Fraga, Jussara Cony, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Antonio Hohlfeldt, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Elói Guimarães, Luiz Braz e Brochado da Rocha, que agradeceram o apoio recebido dos funcionários e Parlamentares deste Legislativo e analisaram o trabalho realizado durante o período em que se encontravam na Vereança. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos da Décima Terceira Sessão Legislativa Extraordinária, às quatorze horas e onze minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão de Instalação da Décima Legislatura, a ser realizada no dia primeiro do próximo ano, às nove horas e trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Gladis Mantelli e Valdir Fraga, este ú1timo por convite do Sr. Presidente, e foram secretariados pelos Vereadores Mano José e Artur Zanella, este último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Mano José, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Dou por aberta a Sessão Extraordinária em que os Vereadores da 9ª Legislatura encerram seus trabalhos após cumprido as suas obrigações no decorrer da mesma Legislatura, e ofereço em nome da Mesa e das Mesas anteriores a palavra, um a um aos  Srs. Vereadores que quiserem fazer uso da tribuna.

Para sermos convencionais de um lado, regimentais do outro colocaremos à disposição 5 minutos para cada.

Com a palavra o Vereador Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós já estávamos nos retirando da Casa, hoje,  com a tranqüilidade do dever cumprido; a nós que aqui estivemos  há 14 anos, e que mantivemos amizade nesta Casa e que tivemos atitudes com vários Vereadores, sempre em alto nível, respeitando as posições contrárias e, defendendo as nossas  posições às vezes, acirradamente, eu gostaria de  neste final de Legislatura solicitar escusas aos meus colegas por alguma falha pessoal, ou de observação, e de voto, especialmente, à Ver.ª Gladis Mantelli. Por quê? Porque, ontem, nesta Casa, ao defender com ênfase um ponto de vista, eu, sem querer, e por isso faço de público como é do meu feitio, peço escusa à Vereadora, porque, evidentemente, eu fiz uma colocação que não foi a mais feliz: a deixei como se ela tivesse errado na contagem dos votos, o que não é verdade, o que eu queria argumentar é que poderia ter havido equívoco e não erro. Mas, de qualquer maneira Ver.ª Gladis Mantelli, eu me penitencio e quero sair desta Casa com a tranqüilidade, senão dos justos, dos menos injustos. Por outro lado, se faz necessário um agradecimento, muito especial, aos funcionários da Casa. À taquigrafia da Casa porque eu mantive a maior amizade com os taquígrafos, levo um carinho muito especial e uma lembrança das melhores. A segurança da Casa, aos policiais que aqui servem, com os quais mantive grande amizade. Policiais esses que muitas vezes são acusados de praticar excessos, mas quando muitos deles morrem em defesa da sociedade, a notícia sai em fim de página. Quando um marginal, que infesta esta Nação, que infelicita famílias, recebe uns cascudos na rua, a manchete é das maiores, e os chamados defensores dos direitos humanos saem em defesa dos marginais. Só quem perdeu, como eu perdi, um amigo há três meses atrás, tesoureiro da minha campanha, um verdadeiro irmão, assassinado às 6h30min na sua residência pode avaliar como é triste a perda de um ente querido. Então por tudo isso nós podemos avaliar e dar valor aos nossos seguranças.

Neste final de trabalho, agradecendo aos meus colegas, me desculpando pelas falhas, amizade que tive com os quais já destaquei em outra oportunidade, Cleom, Valdir, Brochado, que foram inexcedíveis de atenções para com esse Vereador e, inclusive, para minha família, fica o meu carinho. A vida segue o rumo e vou fazer o mesmo que tenho feito há 45 anos, trabalhar. Respeitar a decisão do povo que, soberanamente, embora mal-informado por um Tribunal omisso e preguiçoso, um Tribunal que faz as decisões contrárias a todo País, que pelo seu formalismo derrotou grandes Vereadores desta Casa, com exceção deste, que não falaria em meu nome próprio. Um Tribunal que não teve a competência de dizer, ao menos à população, que quem votasse no nome de um Vereador, não votasse na legenda, porque anularia o voto. Eu tenho consciência que mereço não ter sido eleito, porque apoiei abertamente um candidato que não era da minha sigla. Guilherme Villela, e tive centenas de votos anulados: Villela, Jorge Goularte, PDS. Não posso me queixar. Aceito com tranqüilidade, porque sempre tomei minhas decisões claras e sem nenhum arrependimento do que fiz. Posso me arrepender do que não fiz, não do que fiz. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero deixar uma contribuição última, no momento em que deixo esta Casa, algo contra o qual lutei durante 10 anos nesta Casa e V. Exas. vão achar estranho que fale nisto numa despedida, mas é importante que eu faça, para deixar clara uma posição: o povo brasileiro mais uma vez está sendo enganado em relação ao chamado cinto de segurança nos automóveis. Deixo como contribuição: vou entrar com uma ação, porque ninguém vai me obrigar a usar algo que eu não desejo dentro de uma propriedade que é minha. Se a segurança deve ser dada à população, em primeiro lugar deve ser dada às propriedades onde as pessoas estão sendo assassinadas a cada momento. A obrigação que nos automóveis tenha este equipamento, aceito, mas no que concerne a mim, aos meus familiares, se quiserem usar, que usem; eu me sinto mal, amarrado. Se eu tiver que morrer entre solto e amarrado, eu quero morrer solto. Eu quero morrer livre, não amarrado num cinto de segurança. Há pessoas que morrem em acidentes de carro com o cinto e sem cinto. Eu prefiro dirigir sem o cinto e acho que tenho autoridade para isto, trinta e um anos de direção sem acidentes. Então, quem fala tem autoridade para dizer isto. Esta minha colocação fica como contribuição, ninguém é obrigado, pela Constituição, a tomar uma decisão que não deseja. E não vai ser uma Portaria de Ministros de plantão, porque troca a cada dia, que vai fazer com que o povo brasileiro use alguma coisa que não deseja.

Para proteger o cidadão, eu que dirijo meu carro, quanto mais livre estiver, estarei eu protegendo o meu semelhante. Querem me proteger, dêem segurança a minha família e não queiram interferir numa propriedade que é minha.

É uma contribuição que faço no último dia nesta Casa. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até breve e eu estou à disposição dos Senhores em qualquer lugar que a vida me reservar. E tenho certeza que vou fazer tudo para que este lugar seja o melhor possível como eu tenho feito em toda a minha vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Rafael Santos.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente Srs. Vereadores, há precisamente 17 anos atrás, no dia 29 de dezembro de 1971, eu ingressava na área municipal através de um convite do então Prefeito Telmo Thompson Flores para trabalhar na sua Assessoria. No ano seguinte, em 1972, eu era eleito Vereador de Porto Alegre, pela primeira vez. Ao longo desses 17 anos em que trabalhei na área Municipal, procurei, antes de tudo e acima de tudo, ser coerente. Coerência esta que me custou, em muitas oportunidades, dissabores e dificuldades. Mas,me orgulho de ter mantido sempre a minha coerência e de ter, ao longo destes anos, alternando a minha vida pública entre esta Casa e o Executivo, mantido a minha coerência e de ter respondido, sempre, pelos meus atos e pelos meus votos. Nunca votei e nunca tomei uma atitude que não julgasse a melhor atitude ou o melhor voto, independente de qualquer circunstância. Hoje, retorno ao Governo do Estado, onde sou funcionário. Deixo a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e deixo a Câmara de Vereadores. E deixo satisfeito, porque aqui fiz e aqui mantive as minhas melhores amizades. Consegui passar esta fase sem fazer inimigos. Não tenho inimigos e posso dizer isto com toda a tranqüilidade. Tive debates, tive discussões, mas sempre no campo das idéias, e nunca no campo pessoal. Ninguém, ao longo deste tempo, pode dizer ou afirmar que, numa única ocasião, eu tenha dito uma palavra, que fosse, de ofensa pessoal a quem quer que seja. E V. Exas. sabem que, muitas vezes, usei com veemência e, muitas vezes, me envolvi, com toda a minha alma e com todo o meu coração, em diversas discussões. Quero cumprimentar aqueles Vereadores que, como eu, hoje, deixam esta Casa.  Muitos, talvez, retornem daqui a 4 anos; já sei de alguns companheiros que têm este plano,este projeto,de concorrer novamente. Eu, de minha parte; não pretendo mais concorrer à Vereança de Porto Alegre. Então, a minha despedida, realmente, tem um caráter definitivo. Àqueles colegas que conosco batalham nestes últimos 6/12 anos, ou 16 anos como o Ver. Cleom Guatimozim. Àqueles que permanecem nesta Casa, eu quero desejar toda a sorte de felicidade e de sucesso. Acho que se avizinha uma época extremamente grave e extremamente séria para este País. Acho que vamos passar por uma fase altamente turbulenta e aqueles que têm a responsabilidade de deter o mandato público terão que ter a consciência muito clara do seu encargo nesta fase. Acho que o ano de 89, a par ou independente da eleição à presidência da república, será um ano extremamente difícil para nossa Pátria, extremamente difícil para o nosso Estado e extremamente difícil para nossa Cidade. E encerro, para não ultrapassar os cinco minutos, com as palavras daquele grande ator, Charles Chaplin: “Para que chorar o que passou, lamentar perdidas ilusões, se o ideal que sempre nos acalentou renascerá em outros corações.” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Valdir Fraga.

 

O SR. VALDIR FRAGA: Sr. Presidente, prezados companheiros Vereadores, Funcionários, esta despedida eu comecei a pensar logo após o resultado das eleições.

Primeiro, porque iria sentir falta dos companheiros, o primeiro impacto era a saudade da convivência com os companheiros Vereadores aqui desta Casa. Eu estou aqui há 12 anos, que se completam agora, mas nestes últimos 6 anos,quando assumi a presidência em 83 e 84, a convivência foi muito maior. Porque há uma diferença entre Mesa e Plenário, no sentido de administrar a Casa e discutir as ideologias partidárias aqui na tribuna ficam acirradas, às vezes até com algumas desavenças, uns passam pelos outros, nos primeiros dias não se olham mas logo em seguida isto passa. É difícil se despedir com alguém conversando e até eu estava conversando há pouco tempo e pedia para pararem: Olhem, só um pouquinho que eu quero ouvir a despedida do meu companheiro. Mas como não se pode levar muito tempo, eu só quero dizer aos companheiros que não se reelegeram, não é demagogia, eu senti muito, claro que sabendo que para cá virão outros companheiros que nestes próximos 4 anos vamos nos entender e vamos nos gostar assim coma passamos a nos gostar e conviver muito mais com os companheiros aqui da Casa do que com os próprios familiares, isto é importante, isto é necessário colocar: com a nossa convivência aqui, passamos mais tempo do que com os próprios familiares.

É uma despedida difícil mas eu vou abreviar, dando um abraço aos amigos que não se reelegeram. De coração eu senti, sabendo que para cá virão outros companheiros com muita garra para valorizar, assim como os Srs. valorizaram esta Casa até aqui, no mesmo nível, com mais força, com garra, como quando nós aqui estivemos e continuaremos. Por isso cumprimento a todos vocês, desejando agora aos funcionários e àqueles que vão continuar e aqueles que virão, cumprimento, desejando um bom 89, que sejam muito felizes e aqui estaremos juntos, defendendo os interesses da nossa Cidade com muita garra e temos a certeza de que vamos continuar honrando a Casa e aqueles companheiros que não conseguiram se reeleger. Talvez se reelejam numa outra oportunidade, talvez a gente se encontre aqui novamente ou na Assembléia, no Senado, poderemos nos encontrar em outras áreas, continuaremos nos respeitando e defendendo os interesses ideológicos do nosso Partido e buscando sempre o bem comum das nossas cidades, do nosso Estado, da Câmara federal, ou do Senado, ou da Presidência da República ou do governo do Estado, ou da Prefeitura, ou do Executivo. Muito obrigado.

Muito obrigado, cumprimentos ao Ver. Brochado da Rocha da atual Mesa e não posso deixar de cumprimentar e agradecer aquela primeira Mesa de convivência dos companheiros; Adão Eliseu, Ignácio Neis, Lauro Hagemann, Antonio Hohlfeldt e da companheira Teresinha Irigaray, a primeira Mesa de 83, 84, uma Mesa inesquecível e de um Plenário muito mais inesquecível com os demais Vereadores. Aos funcionários da Casa o meu carinho, o meu respeito, as palavras virão na próxima semana da minha consideração pela Casa, se não forem vocês a Casa não anda. Todos nós somos passageiros aqui, alguns passageiros que aqui estiveram por muitos anos vão continuar a sua rota, o seu trabalho, talvez, amanhã ou depois e acredito que isso vai acontecer conosco também com aqueles que aqui estão também vão passar, mas vocês continuarão, pois vocês são o grande respaldo desta Casa, porque por onde andei, por outras casas Legislativas não são melhor do que esta em matéria de competência e de garra. Não adianta ter competência e não ter garra. Nesta Casa os funcionários têm competência e muita garra.

Meus cumprimentos e um abraço a todos vocês extensivos aos familiares, aos seus amigos e também aos meus colegas Vereadores e boas vindas àqueles que chegarão a partir de domingo. Um abraço e muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Ver.ª Jussara Cony.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre. Eu não consigo considerar este momento como uma despedida da Câmara Municipal, até porque o povo de Porto Alegre, através do resultado desta eleição que nos consagrou a maior votação desta cidade, aprovou o mandato do Partido Comunista do Brasil nesta Casa. Este mandato apenas não continua por uma legislação arbitrária vinda da época do regime de exceção e que favorece, sim, aqueles que não têm compromisso com os interesses populares. Eu não consigo considerar este momento uma despedida, porque em meio ao descrédito generalizado para com a classe política, para com os políticos, e de modo acertado o povo assim acha, o resultado que o Partido Comunista do Brasil teve, nas urnas, aqui em Porto Alegre foi consagrador, a um mandato de luta e de compromissos com os interesses populares. Sem dúvida nenhuma e a votação assim o diz, foram 6 anos, aqui, a voz dos anseios populares e, lá fora, um instrumento para a luta do nosso povo. Acho que num momento como este também, para esta Câmara Municipal, é importante nós observarmos os resultados da eleição. O resultado ao entender do nosso Partido, altamente positivo, porque o povo votou no avanço, no progresso. O povo rejeitou as propostas conservadoras, e a partir do resultado dessas eleições, o nosso País vive sim, uma realidade, com fortalecimento das posições mais à esquerda, onde o nosso Partido se inclui. O resultado dessas eleições é positivo até pelo que temos pela frente, no momento em que o País vive a sua maior crise, que não é apenas uma crise política institucional, mas uma crise que coloca em xeque a estrutura da sociedade, e com o que temos pela frente a necessidade de eleger depois de tantos anos, que esse direito foi tirado do nosso povo, um Presidente da República, comprometido com a nova Nação e com os interesses da maioria do Povo Brasileiro. Queremos deixar registrado, também, a nossa confiança, a confiança do PC do B, com o novo governo que se instala em Porto Alegre, com o governo da Frente Popular. Queremos registrar também, pelo que vivenciamos juntos, aqui dentro, a nossa confiança aos companheiros que assumem o secretariado, ex-Vereadores, Ver. Antonio Hohlfeldt e Ver. Caio Lustosa, companheiro de tantas lutas aqui e fora daqui, e que por certo levarão à frente, como titulares das Secretarias do novo governo, aquilo que sempre defendemos em conjunto, aqui dentro desta Câmara – repito – e também fora dela. Novos vereadores virão assumir os seus mandatos, alguns dos quais antigos, com os quais já convivemos durante esses 6 anos, com tarefas importantíssimas, algumas ligadas ao momento político que vive a Nação, e outras como efetuar uma nova Constituição Municipal, que queremos, assim como queríamos uma nova Constituição deste País, democrática, progressista e de acordo com os interesses do nosso povo. A eles desejamos que consigam, realmente, tornar esta Câmara a expressão dos anseios populares. Queremos, de um modo muito especial, fazer referência à única mulher que se elegeu nesta nova Legislatura, a companheira Letícia Arruda, funcionária desta Casa, e que por certo a ela desembocarão, e seu compromisso, os anseios das mulheres de Porto Alegre, na sua luta por emancipação e por liberdade, lembrando que a luta das mulheres corre junto com a luta por libertação do nosso povo.

Para finalizar, há duas colocações que não poderíamos deixar de fazer. A primeira delas é de que, sem dúvida nenhuma, continuaremos na luta. Um mandato, para um comunista, é um instrumento de luta, mas não é o único e, por certo, juntamente com o movimento popular, estaremos, sempre que necessário, aqui nesta Câmara Municipal, no sentido de continuar a luta, exercendo as pressões que o movimento popular deve, sim, e que sempre defendemos aqui, para que possamos ter o comprometimento daqueles que foram eleitos pelo povo com a sua luta. Queremos dizer que entendemos, até pela votação que nosso Partido teve, que o mandato do PC do B teve nestas eleições, que sabemos que aumenta, embora não aqui, a nossa responsabilidade com a luta pela democracia, com a luta por liberdade e com a luta pela construção do socialismo no nosso País. Ao finalizar, Sr. Presidente, e agradecemos a condescendência da Mesa, há agradecimentos que não podem deixar de ser feitos. Aos colegas Vereadores, a todos, pela convivência que tivemos aqui, pelo aprendizado conjunto,com a delimitação, sim, de campos, mas pelo aprendizado em conjunto, por lutas que muitos de nós travamos nesta Casa, à Presidência desta Casa, às anteriores do Ver. Valdir Fraga, Ver. André Forster e a atual, na pessoa do Ver. Brochado da Rocha e à Mesa também, dizendo que a atual presidência do Partido Comunista do Brasil faz um agradecimento muito especial, porque sempre foi receptiva, Sr. Presidente às lutas e aos anseios dos movimentos populares que trouxemos a esta Casa, exatamente cumprindo aquilo que o nosso Partido entende, isso aqui tem que ser um receptáculo da luta e dos anseios do nosso povo. Às entidades democráticas e populares que respaldaram o nosso mandato e com as quais tivemos esta convivência conjunta. Às assessorias de todos os gabinetes dos Vereadores na qual formamos vários amigos e amigas, de modo muito especial a nossa assessoria, a assessoria do PCB nesta Casa, naquele entendimento que temos, que nosso gabinete de um mandato é um todo e um único dirigido pelo nosso partido. E, finalmente, àqueles companheiros e companheiras, funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre com os quais aprendemos, com os quais tivemos uma convivência amiga e dos quais, permitam-me todos, são de que nós sentiremos mais saudades. Que 1989 seja de luta, que 89 seja de compromisso para que realmente cada um onde esteja, aqui e lá fora, possamos cumprir com aquilo que no nosso entendimento é necessário transformar este País num País livre, soberano, independente e democrático, para todo o povo brasileiro.

Obrigada a todos e tenham a certeza que a Vereadora Comunista, a Vereadora do PCB em nenhum momento se afastará da luta pela responsabilidade que entende que tem como cidadã deste País nas transformações radicais que a Nação precisa rumo a uma nova sociedade, rumo àquilo que sempre defendemos: a construção da sociedade socialista. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, a palavra com o Ver. Getúlio Brizolla.

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não quero usar os 5 minutos que me são dados porque um churrasco gordo me espera. Eu vim aqui, simplesmente, para agradecer os funcionários da Casa em geral e também convidar aos funcionários para que em 1990 votem em Getúlio Brizolla. Muito obrigado e um Feliz 1989 para todos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem a palavra com a Ver.ª Gladis Mantelli. S. Exa. está proibida de chorar.

 

A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu vou chorar, não tem saída. Não vou pedir desculpas por chorar porque faz parte de mim e faz parte daquilo que vocês conheceram nesses seis anos. Não choro porque me despeço, choro porque estou emocionada. Choro porque deixo uma Casa com a certeza do dever cumprido, onde trabalhei com toda a minha dedicação, com toda a minha capacidade, onde fiz o que sabia, o melhor possível, onde procurei oportunizar e trabalhar por todos, não só pelos meus colegas Vereadores, como por esta Cidade, como pelos funcionários desta Casa. Muitas das batalhas que foram desencadeadas aqui, conseguiram chegar com sucesso. Esta Casa, como diz o Ver. Brochado da Rocha é uma subabitação, subabitação ou não é um trabalho do qual eu me orgulho. É um trabalho que eu não posso dizer, por modéstia, dizer que não é um trabalho meu. É um trabalho meu. É um trabalho que eu iniciei que, infelizmente, não vou poder vê-lo concluído. Mas, tenho certeza de que a nova Mesa, a nova Câmara que se constitui, dará continuidade a esse trabalho. Fará desta Casa aquilo que eu acreditava que se pudesse fazer: recomporá, trará e manterá a dignidade que a Câmara Municipal tem e continuará tendo perante a população de Porto Alegre. Algo que eu realmente procurei fazer muito mais talvez do que um trabalho externo. Eu realmente me preocupei muito com essa instituição, com a preservação dos seus conceitos e da sua dignidade. Este trabalho, tenho certeza absoluta, de tê-lo feito com muita seriedade. Estou procurando realmente não me manter numa choradeira só, mas realmente acho extremamente difícil neste momento, talvez por ele ter sido aberto dessa forma, como um momento de despedida, ele seja um momento de muita emoção. Gostaria de que ele não tivesse acontecido dessa forma, que nós pudéssemos ter simplesmente deixado a Casa, da mesma forma que entramos. Ou quem sabe, Vera. Bernadete Vidal, V. Exa. tenha razão, quem sabe com uma grande festa, mas não com alguma coisa que cheira à tristeza e que cheira a alguma coisa que se perde. Não acho que tenha perdido nada. Acho que, ao contrário, ganhei, adquiri, porque aprendi na convivência com os meus colegas, aprendi na convivência dos funcionários desta Casa, que mostraram o que se pode fazer e essa dinâmica permanente, que a Câmara tem, e de que nunca o cotidiano se repete. Nunca existe rotina, sempre temos alguma coisa de novo a fazer a aprender. Tenho certeza também de que consegui, dentro das minhas possibilidades auxiliar a cada um dos Vereadores desta Casa; de alguma maneira sempre temos alguma coisa de novo a fazer e a aprender.

Tenho certeza também que consegui, dentro das minhas possibilidades, a auxiliar a cada um dos Vereadores, aqui nesta Casa, de alguma maneira, de alguma forma. Consegui também viabilizar, com o meu trabalho, em nível da Câmara, toda uma processualística que se fazia necessário.

Então, para não me alongar mais, já que também meu tempo está se encerrando, graças a Deus! Eu gostaria de me despedir, formalmente, dos meus Colegas Vereadores agradecendo a colaboração que me deram, aos funcionários desta Casa, com os quais sempre pude contar, para que tudo funcionasse a contento e, em último, a minha equipe que me foi leal, fiel, que trabalhou comigo e me deu condições de que eu pudesse realizar o meu trabalho de Vereadora.

Agradeço ao Ver. Brochado da Rocha, meu Presidente, os nossos embates amistosos, mas que nos permitiram, eu acho, um ao outro, acrescermos e administrarmos esta Casa com dignidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores ao iniciar esta rápida intervenção, com esta expressão de saudação a todos, lembro da preocupação que tive, até porque fui pego de surpresa no dia da posse, ainda no velho prédio da Câmara, quando descobri que Líder de mim mesmo precisava falar naquela Sessão, não havia escrito nada, não havia preparado nada, iniciava, portanto ali, um desafio de alguma coisa que não se sabia muito bem o que era. Seis anos de Mandato de um Partido que começava, de um desafio de saber das coisas, como fazer e por aí a fora. Foram seis anos de um aprendizado e de uma humildade muito grande no sentido de saber a força que se tinha; a força da população de um lado e saber também com a força eventual ou não do voto que se tinha aqui no plenário na hora das decisões; a flexibilidade, a busca e o aprendizado de uma diplomacia, no contato com os Companheiros Vereadores, a defesa intransigente das posições que sempre trouxemos aqui, concatenar essas duas coisas foi, justamente, o nosso desafio. O lugar comum que eu queria destacar com muito carinho os funcionários da administração que, nas primeiras semanas, sobretudo , nos ensinaram como viabilizar aquilo que deveria ser feito a partir do nosso gabinete, desde a datilografia mínima do requerimento como encaminhá-lo, como tramitá-lo; à assessoria, aqui, legislativa que tantas e tantas vezes nos assistiram nas nossas disputas em torno do Regimento Interno; aos companheiros da segurança, cujo trabalho é impecável, nesta Casa, que ultrapassa, realmente, o simples fato da obrigação profissional, acabam se tornando nossos amigos até fora do prédio. Queria destacar muito especialmente aos companheiros motoristas, que são não apenas nossos transportadores eventuais, mas àqueles em quem temos confiança automática, porque se fala por vezes, dentro do nosso carro, uma série de coisas que eles ouvem, guardam para si, até porque se levassem adiante ia dar cada fofoca que Deus me perdoe, de maneira que eu acho que esta função é muito delicada, nesta Casa.

Da parte dos companheiros Vereadores gostaria de nominar alguns muito especialmente, e eu quero começar com um companheiro que eu briguei muito nos últimos tempos, e que ele vai brigar muito comigo nos próximos tempos, que é o Vereador Elói Guimarães. O Vereador Elói Guimarães foi o primeiro Vereador que fez a minha defesa, neste Plenário, e disto não vou esquecer nunca, numa disputa com o Ver. Jorge Goularte, a quem hoje considero um amigo. Vereador Elói fez a minha defesa, e num momento de aprendizado, Ver. Elói, isso é muito importante. Quero lhe agradecer de público e lhe dizer que vamos continuar na briga, como sempre fizemos, com todo o respeito.

Queria destacar também um outro Vereador a quem aprendi a respeitar muito, nesta Casa, que é o Vereador Paulo Sant’Ana.

Vereador Paulo Sant’Ana, que muitas vezes ai na rua dizem: Paulo Sant’Ana trabalha com futebol, não sei o quê mas a gente sabe que aqui tem posições muito claras, até contra a sua Bancada na maioria das vezes votando com a oposição nestes últimos tempos; um Vereador que definiu, claramente, a sua posição: eu acho isso, absolutamente, respeitável. E, também o Ver. Paulo Sant’Ana me propiciou uma das pequenas discussões históricas para mim, senão para a Casa, foi quando tirei a minha 1ª licença sem ônus para a Casa, abrindo mão do meu salário, porque iria cumprir uma função profissional. Ele dizia talvez até exagerando, que era a primeira vez que via acontecer isso aqui na Casa. Eu quero destacar com um carinho muito grande o Ver. Valdir Fraga, quem conheci à distância, antes de entrar nesta Casa, havia participado de alguns debates a convite do Ver. Valdir Fraga e em outra ocasião do Ver. Brochado da Rocha, posso dizer com muito orgulho que hoje sou seu amigo e acho que tenho a recíproca.

Quero destacar, também, o respeito e o carinho ao Vereador Rafael Santos, sobretudo, pelo nosso convívio nos últimos anos. E é claro, o nosso quarteto do barulho, Ver.ª Jussara Cony, Caio Lustosa, Ver. Lauro Hagemann, Ver. Flávio Coulon, hoje ausente desta Sessão, eu acho que nós embananamos muitas coisas, mas acho que propiciamos alguns momentos de discussão democrática aqui nesta Casa.

Eu quero aqui relembrar, até por uma questão de justiça a memória do Ver. Valneri Antunes, que conosco começou e se afastou por uma fatalidade que a nós todos chocou bastante. Queria cumprimentar o companheiro Wilton Araújo que com ele, com o Valneri, a Jussara, que começamos a luta dos transportes. Foi lá com a Sudeste, Vereador, o nosso início de briga. O Ver. Getúlio Brizolla que dança um fandango que é uma beleza e evidente que é uma qualidade muito importante. Ao Ver. Mano José, com quem conversei tantas vezes em algumas questões de Projetos aqui e que deixa, agora, o seu filho na continuidade e espero, Ver. Mano José que ele possa fazer o mesmo trabalho que V. Exa. desenvolveu nestes anos, inclusive nas Secretarias do Executivo. Meu respeito com toda a divergência ao Ver. Cleom Guatimozim. Certamente, acho que não fecho com quase nada das idéias do Ver. Cleom Guatimozim, mas aprendi a respeitá-lo aqui na Liderança do Governo e com quem muitas vezes fizemos acertos, dentro do trabalho Legislativo, que é fundamental para quem faz a política, em favor da cidade de Porto Alegre. Vou trocar de lugar, temporariamente. Vou ao Executivo. Talvez volte mais cedo do que se espere. Talvez permaneça algum tempo mais longo. Sei que tenho um desafio. Me perguntavam esses dias como é que eu me sentia e respondi: estou morto de medo. Realmente é um desafio enorme, é uma Secretaria imensa e é, sobretudo, um setor da administração que vai estar permanentemente enfocado sobre a perspectiva do público e da Casa. Mas é um desafio que me atrai. Afinal de contas brigamos sobre este assunto, durante tantos anos e acho que tinha a obrigação de não fugir desta batalha e tentar transformar em prática alguns de nossos discursos aqui trazidos ao longo desse período. Enfim, queria me colocar a disposição dos Vereadores que saem e dos que entram lá. Sou, antes de tudo, um Vereador por mais 4 anos. Garanto a vocês que estarei aqui ao final da próxima legislatura, sem dúvida. Quero ficar também à disposição para os contatos entre o Executivo e Legislativo, sobretudo, me dirigindo ao futuro Presidente da Casa, Ver. Valdir Fraga. Sou membro deste Legislativo. Aqui aprendi muita coisa e aqui espero continuar contando com a colaboração de todos. Desejo a todos uma boa entrada de 1989. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Sra. Ver.ª Bernadete Vidal.

 

A SRA. BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, eu gostaria de agradecer a todos os funcionários da Casa, aos Srs. Vereadores, por este convívio sempre tão maravilhoso, até mesmo nos debates, sempre houve, nesta Casa, muito respeito para com a minha pessoa e, principalmente, para com a minha luta. E é desta luta que eu gostaria de falar, fazer um balanço, afinal, fim de ano, tirando fora as despedidas, fim de ano é tempo de balanço e eu faço muito alegre o meu balanço.

Até o resultado das urnas foi o resultado da minha luta. Eu lutei 12 anos aqui. Durante este tempo, Porto Alegre não foi indiferente. Nas eleições Porto Alegre votou em mim e nos meus companheiros, votou pouquinho neles, um pouco menos em mim e não deu para ninguém entrar, mas o resultado está aí: Porto Alegre não é indiferente a nossa causa. Até mesmo Partidos políticos, e eu ouvia com satisfação, na campanha eleitoral, colocarem como plataforma de Governo assuntos ligados à área dos deficientes.

Antes, quando entramos nesta Casa, tínhamos que ir à Biometria Médica cada vez que um deficiente passava em concurso, porque, se não, ele rodava nos testes de psicologia, ou porque estava com dor de cabeça. Isto não acontece mais. Hoje em dia, nós fazemos concursos, nós pleiteamos trabalho em empresas públicas e particulares e é muito mais fácil, hoje, conseguir trabalho, ingressar no serviço público e ingressar numa faculdade. É bem mais fácil que na nossa geração, quando os professores marcavam os nossos colegas assinalando a colega do lado: senta ao lado da cega.

Mas a luta ainda está aquém da metade. Temos muita coisa para fazer e eu vou continuar fazendo, porque com esta luta eu tenho compromisso desde guria. Faz muito tempo que eu venho nesta luta. Não é uma circunstância eleitoral, não foi uma circunstância eleitoral entrar aqui; foi apenas uma circunstância de luta específica pelos deficientes, e essa circunstância vai me levar a outras lutas, vai me levar não sei onde ainda, pois primeiro vou tirar umas férias, vou descansar e, depois, vamos continuar tudo de novo, porque esta luta é muito grande e ainda há muito que fazer no nosso movimento, pela emancipação social do deficiente. E nós vamos continuar fazendo, sempre juntos, alegres, pela consideração do povo de Porto Alegre, porque votou em alguns deficientes; alegres, porque alguns deficientes despertaram das suas casas, da sua indiferença, da sua falta de vontade de lutar e vieram para a luta, vieram participar. Antes não havia candidatos em lugar algum. Quando resolvi me formar em Direito fui manchete nos jornais, quando concorri à Câmara, e quando assumi, nem se fala. Hoje em dia, em muitas cidades brasileiras, deficientes concorreram, alguns chegaram lá, outros não se elegeram, mas participaram. E é basicamente o que importa: a participação. Nós temos deficientes ativando, conforme a nossa luta e conforme a nossa recomendação do nosso movimento. Nós temos deficientes nos sindicatos, nas associações de bairros, em todos os lugares. Portanto, o meu balanço é altamente positivo. Aproveito, para desejar aos funcionários e aos Srs. Vereadores um Feliz 89. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu já havia feito uma despedida, mas quero embasá-la numa estória muito conhecida, com o Mussah e o Nassif. Eles eram dois vendedores, que tinham uma caravana de camelos, companheiros inseparáveis. Uma vez eles saíram juntos, com suas caravanas e o Nassif caiu dentro d’água, num rio de águas revoltas, ele estava morrendo afogado e o Mussah se atirou na água, colocando em risco a própria vida, para salvar o Nassif e o retirou de lá. Então o Nassif em agradecimento chamou os seus escravos, seus servidores e mandou esculpir com cinzel na pedra o seguinte: “Viajantes, aqui neste local Nassif, com o risco da própria vida, salvou seu amigo Mussah que ia morrendo afogado”. Separaram-se e foram vender os seus produtos em cidades diferentes e 30 dias depois se reuniram naquele mesmo local. Na volta, naquele mesmo local houve um desentendimento entre eles. E não houve dúvidas, neste desentendimento o Nassif esbofeteou o Mussah. E ele então chamou de novo os seus escravos e disse assim, vocês vão gravar agora ali na areia da praia o seguinte: “Viajante, aqui neste local Nassif esbofeteou o seu amigo Mussah”. E os próprios escravos disseram: Mas patrão, quando ele lhe salvou a vida o Senhor mandou colocar na pedra. Isto aqui vai durar milhares de anos. E agora ele lhe ofende, lhe esbofeteia e o Senhor manda colocar na areia. Pois é, daqui a pouco a água do mar leva isto tudo e não resta mais nada. Diz ele: é isto, quando me elogiam, quando fazem alguma coisa por mim, quando me dão qualquer coisa, quando demonstram simpatia, quando dão solidariedade, gosto de esculpir na pedra. Mas quando me ofendem, quando me agridem, me caluniam, escrevo na areia da praia que é para que o mar apague, imediatamente, e eu não lembre de mais nada. Eu, como Nassif, também esculpi na minha idéia, no meu pensamento, tantas coisas boas nesta Casa e escrevi outras tantas na areia e que o mar já apagou e já levou e eu não me lembro de mais nada. Eu levo desta Casa nestes 25 anos, ontem o Senhor Babot me dizia que para fins de aposentadoria são 27 anos e 4 meses o meu tempo de Casa. Neste tempo enfrentamos diversas situações, algumas muito boas, diria a maioria muito boas, algumas muito ruins, algumas em que a gente não teve a solidariedade devida. Eu tenho apenas uma única mágoa e eu não sei se seria de trazê-la agora, mas quem sabe, já fiz público isto. Foi aquela da oportunidade em que demos posse ao falecido Glênio e ao Marcos Klassmann, uma atitude que era contra a vontade da Nação, de todos os oficiais generais da Nação, dito Ministro da Justiça, do Presidente da República, do Comandante da Região aqui que nos intimou lá, e até de um homem que hoje não pensa mais assim e que era o Secretário do Interior de Justiça dessa terra. Aquela pressão violenta, ameaça de prisão, os carros de combate na frente da Câmara, e nós éramos no meu entendimento o único juiz daquela decisão. Quero ressaltar que o Ver. Elói Guimarães, nos acompanhava naquela oportunidade, todas as decisões, assim como o falecido Ver. Antonio Cândido, Ver.ª Jussara Gauto e da situação Ver. Jorge Goularte. Eu dizia que talvez não fosse de citar essa pequena mágoa. Atitude que foi reconhecida até em outros Países, nós somos declarados cidadãos do mundo na Suíça, Berna na Suíça. Como eu não sou um escritor apenas um político que lança livros e que nenhum livro fala em política. Até houve uma surpresa inicial de que duas Universidades Americanas adotavam os nossos livros, a Universidade Ontário Ocidental e a Universidade de Miami, ainda hoje usa os nossos livros. Fiquei sabendo depois, não era porque esse Ver. fosse um grande escritor. Não. Era exatamente um embalo da anistia internacional em favor de quem tinha tomado uma atitude pela Democracia nesse País. E eu dizia que a mágoa é que às vezes sou, acusado de ser exatamente o contrário de algumas atitudes fortes que tomei. Mas também escrevi na areia da praia, e o mar levou. Deixo o meu agradecimento a esses companheiros todos, ao Presidente da Casa, Ver. Brochado da Rocha, que independente de ser o Ver. Brochado da Rocha, o Presidente, um grande amigo que fiz nessa Casa de quem ouvi muitos conselhos, Elói Guimarães, Valdir Fraga, pela segunda vez Presidente, Rafael Santos, Getúlio, já citei a Ver.ª Jussara Cony, Antonio Hohlfeldt. Aqui é um aprendizado, se aprende a cada dia com todos. Nós vamos juntando, até o próprio vocabulário, até aquelas palavras muito desconhecidas do vocabulário que nós vamos aprendendo e vamos usando, basta usarmos dessa tribuna para que todos aprendam um aprendizado constante que se tem nessa Casa. Se aprende nessa Casa principalmente uma coisa, como representar bem a Cidade. Eu saio daqui dessa Casa, os Srs. sabem, eu sou advogado, psicólogo clínico, não sei onde vou trabalhar ainda, em que área vou trabalhar, se em Psicologia, se é em Direito, mas uma coisa é certa eu estarei o ano que vem fazendo a Campanha de Leonel Brizola para a Presidência da República, antes de qualquer coisa. E deixo os meus agradecimentos aos funcionários desta Casa, a todos aqueles que tanto auxiliam os Vereadores. Os funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre são funcionários que têm grande capacidade, inteligência, equilíbrio e, acima de tudo, têm um senso muito grande de reconhecer, dentro da hierarquia, a sua posição, sem que lhe seja imposta. Então, com os funcionários desta Casa se aprende muita coisa.

Eu, para encerrar, devo dizer que não pretendo mais voltar a esta Casa. Uma coisa é certa, que damos por encerrada a nossa participação de candidatarmos a esta Casa. Não seremos mais candidatos a esta Casa porque vinte e tantos anos é um grande período, longo período de aprendizado. Mas nesses quatro anos que estamos na suplência, se por um tempo maior e por qualquer motivo, tanta coisa pode acontecer, formos chamados, viremos, não por curtos períodos, se formos convocados, mas a nossa decisão é de, a nível municipal, abandonar a política do ponto de vista de ser candidato a esta Casa – por isto eu desejo aos que aqui ficam, uma boa sorte, e a certeza de que vão representar muito bem esta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Se bem reflexionarmos sobre o papel de cada um de nós, como seres humanos, como entidades, nós vamos compreender que somos basicamente, passagem, somos passageiros nas flutuações da própria existência, e ao longo da vida, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, passamos, chegamos e dali saímos – é a própria história dos seres humanos, nascemos, vivemos e amanhã morremos e por isto somos passagem. E fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores a nossa saudação porque lembrava o Ver. Rafael Santos o poeta popular e eu em duas palavras lembro o poeta popular que uma frase reduz toda a razão da existência: “Hoje é o meu dia e amanhã será o teu”. Hoje é o meu dia de sair e amanhã será o teu dia de sair, hoje é o meu dia de chegar. amanhã será o teu dia de chegar e a vida continua.

Esta Casa, é um repertório, é um livro de histórias da cidade, do País e porque não dizer do mundo, porque aqui passaram e passarão antes que ao longo da história e dos tempos marcaram e todos marcaram e todos deixarão nos anais da consciência da própria cidade o muito que contribuíram para o desenvolvimento humano e das atividades dos serviços e da própria razão de ser da Casa e das suas instituições. É um momento de passagem, é um momento também de agradecimento aqueles que passam hoje porque passaremos amanhã e outros virão, chegarão e outros sairão, mas é um momento de agradecimento a compreensão dos que saem para os que ficam no desenrolar de lutas, de trabalho na busca de aperfeiçoamento. Não brigamos nunca, muito pelo contrário, nos entendemos, embora divergindo na busca do cumprimento do dever que o povo por períodos nos outorga para representá-lo. Então fica aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a nossa saudação aos que saem hoje, de que continuarão passando como todos passamos, passamos pela família, passamos pela infância, passamos pela escola, passamos pela universidade, passamos pelo trabalho, pela oficina, passamos pela querência de onde viemos, e, assim estamos passando. E daqui vamos passar a outras áreas, a outros momentos. Mas, o importante é que passamos e tenho esta convicção de todos os que por aqui passaram, passaram com absoluta dignidade buscando o bem comum, razão de ser de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

                   

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Funcionários da Casa.. Eu não poderia deixar de neste dia em que nós estamos realizando esta Sessão última da Legislatura, que iniciou em 1982, também vir aqui para me despedir dos meus companheiros de jornada, alguns que continuarão conosco aqui nesta Casa, outros que vão continuar de uma outra forma sem o mandato aqui na Câmara Municipal, mas com a sua atuação, atuação de sempre, que os colocaram na condição de representantes desta Casa durante seis anos. Aqui nesta Casa é uma troca de experiência que a gente vive com constância. Eu não trouxe, praticamente quando aqui vim em 1982 nenhum tipo de experiência do mundo político. Toda experiência política que eu tenho e que é pouca, foi angariada exatamente nesses seis anos em que vivi e convivi com os Senhores nesta Câmara Municipal. As experiências que eu trouxe, para cá eram experiências que eu havia angariado em outros setores de atuação junto ao público nas rádios onde atuava, nos programas que fazia. E este tipo de experiência com o público, de contato com o público, de comunicação com o público é que eu pude trazer. Dei pouco. Recebi muito. No início, quando cheguei aqui, o Ver. Cleom Guatimozim, uma das pessoas com as quais pude aprender bastante aqui nesta Casa, eu vim com espírito de guerra, pensando que poderia resolver todos os assuntos desta Cidade e poderia fazer com que esta Câmara Municipal pudesse de um momento para o outro ser diferente de todos os outros parlamentos que existem por aí. Aos poucos e apanhando bastante confesso, eu fui aprendendo que não conseguimos fazer as mudanças tão rapidamente como gostaríamos de fazê-las e vamos nos amoldando um pouco às feições da Casa, as coisas da Casa e eu aprendi bastante. Eu só espero ter aprendido o suficiente para poder encarar esta nova legislatura que começa dia 1º com maior competência do que eu tive nesses seis anos para que eu possa fazer com que esta Cidade receba de mim, como Vereador, uma participação maior do que aquela que eu pude dar nesses seis anos.

Quero dizer que os Vereadores que hoje se despedem da Câmara Municipal, eles, na verdade, vão continuar vivos, vão continuar presentes, na atuação daqueles que comporão a futura Câmara, porque os futuros Vereadores, aqueles que continuam e aqueles que vêm aportar aqui, muito vão se valer das experiências dos velhos Vereadores ou até dos novos Vereadores que deixam a Câmara agora no dia 31 à meia-noite, porque até o dia 31 à meia-noite vale o mandato que recebemos de 1982.

Quero agradecer a todos os funcionários, a convivência boa que tivemos; quero dizer a todos os Vereadores que quero, neste mandato que inicia dia 1º, aqui na Câmara Municipal, quero ser , se me for possível, um porta-voz daqueles que não vão poder mais aqui estar. Quero poder ser aquela pessoa que tenha a competência e a capacidade para exprimir o pensamento daqueles que vão ficar lutando em outras trincheiras, que não estas.

O meu muito obrigado aos meus Companheiros de Mesa, aqui na Câmara Municipal. Participei pouco, Ver. Brochado da Rocha, é verdade, mas participei mais, eu acredito, nesta Administração de que V. Exa. esteve à frente, do que em outras oportunidades. Talvez tenha aprendido, realmente, muito com V. Exa., é claro, do que muito embora ficado bastante distante da competência que tem V. Exa. para Administrar os problemas de uma Câmara Municipal da importância que é a que temos aqui em Porto Alegre. Mas consegui conviver mais com V. Exa. até porque me interessei mais em conhecer os assuntos administrativos aqui da Câmara Municipal, como 2º Vice-Presidente aqui da Casa, do que em outras oportunidades.

Quero agradecer as lições todas que recebi. Pode ter certeza absoluta de que vou fazer valer muito essas lições neste Mandato que assumo a partir do dia 1°, agora. Vou fazer valer muito essas lições, porque, afinal de contas, a gente apanha uma vez, duas vezes, três vezes, mas não pode continuar apanhando toda a vida, tem que aprender também, de vez em quando, não a bater, mas pelo menos a deixar de apanhar. E V. Exa. muitas vezes me ensinou isto.

Muito obrigado a todos os Senhores, e que o ano de 89 seja um ano que traga para todos nós, quem sabe, uma vida diferente, já que de alguma forma, todos nós que aqui estamos, tanto os que ficam, como os que vão, vamos nos encontrar em batalhas diferentes tentando eleger o Presidente da República, coisa que não tive ainda a oportunidade nem de votar, e que agora eu vou ter a oportunidade de trabalhar para que ele possa ser eleito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre da 9ª Legislatura cabe-me agradecer, em primeiro lugar, à Mesa, aos seus membros que cooperaram decisivamente para o andamento dos trabalhos. Cabe-me agradecer aos Senhores Diretores, aos Senhores Funcionários, que decisivamente colaboraram para o bom andamento dos trabalhos. Seria impossível imaginar esta Casa funcionando, que não todo, cada um teve a sua parcela e a sua contribuição, repito, para o seu bom andamento.

Por isso, sou profundamente grato, gostaria, antes de encerrar os trabalhos, de vez que dois motivos me levam a isso: primeiro, o motivo é uma certa dificuldade pessoal de não me despedir desta Casa na qualidade porque entrei. Em segundo, vou me permitir, num último ato, dentro deste Plenário, quebrar o Regimento. Não poderei dar posse ao novo Presidente, porque assim manda o Regimento Interno. Mas, pelo que os colegas colocaram da tribuna, as lideranças futuras e as presentes, o novo Presidente será o Ver. Valdir Fraga, motivo pelo qual convido a S. Excelência a presidir os trabalhos para que este Vereador faça uso da tribuna, assim, passando o cargo - ato que o Regimento não me faculta - mas, sobretudo para apresentar as minhas despedidas da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga) : Com a palavra o Ver. Brochado da Rocha.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente Valdir Fraga, Srs. Vereadores, Srs. Funcionários, meus amigos e amigas, pode parecer paradoxal, mas com a mesma inibição de que quando assumia, pela primeira vez, esta tribuna, aquele constrangimento tão próprio do estreante, esta tribuna pode parecer tão fácil, mas ela no momento em que se ocupa não é tão rudimentar assim, pelo menos para àqueles que têm consciência daquilo que vão dizer. Mas, acredito que na vida pública, sentimentos devem ser considerados, mas o dever e as idéias devem prevalecer, motivo pelo qual quero dizer, que após cumprir três Legislaturas, que dei de mim aquilo que podia dar, afanosamente, eram as minhas forças, era a minha medida, era, sobretudo, as circunstâncias que envolviam. É muito fácil se examinar uma existência, uma idéia sem as circunstâncias que a cercam, me refiro a isso, porque chegava à tribuna, desta Casa, pela primeira vez sob a égide do autoritarismo, do AI 5, do arbítrio, de momentos negros e cruéis da vida brasileira. Tive a suficiente paciência para aturar os impostores, para apostar com eles, que eles tinham a força, eu tinha a idéia; eles sempre pairavam acima de mim, mas acredito que um dia, na história do mundo, a força será tão grande, que ela própria sucumbirá. São os tempos que vão levar a humanidade para se encaminhar. Apostava nisso. Fui extremamente tolerante com os homens da força, porque tinha absoluta convicção que ela nada representava, era uma questão de tempo. De tal sorte, que nós também tínhamos, no decorrer daqueles anos, de mostrarmos, não claramente o que queríamos e o que sabíamos. E sabíamos, sobretudo, que eles seriam passageiros, no que pese, dolorosos. Não fiz, no entanto, dessas pessoas que representavam essa força, inimigos, fiz apenas pessoas equivocadas. Motivo pelo qual não leve deles nenhum rancor, porque afinal eles estavam inseridos na história do Brasil Colônia, na história da humanidade, do imperialismo que se estendia por todo mundo, e dentro dela do contexto que teriam que chegar ao Brasil.

Mas enfim, pacienciosamente os aturamos, acredito que eles vão dizer outras coisas de nós. Hoje, voltado ao regime democrático, não na sua plenitude, é verdade, mas caminhando vagarosamente para chegarmos lá, quero reiterar os meus propósitos no sentido de encaminharmos uma sociedade igualitária, justa, onde não possamos nós nos encabularmos com o que somos ou com que temos e nem tão pouco nos ofendermos com a miséria dos despossuídos, de tal sorte que entendo que apenas estes anos foram um episódio. A luta continua, no sentido da justiça, continua. Levo desta Casa uma profunda sensação de ter nela e junto com ela ter cumprido um dever. Cabe-me também dizer que sobre esta Casa se abateu e se abaterá muitas críticas. Quero dizer aos senhores e senhoras aqui presentes que os Legislativos são sempre os primeiros a serem criticados. Quero dizer que, sobretudo, em nome de uma falsa moral e, alegando esta falsa moral, para esconder umas injustiças sociais, esta Casa e nós integrantes dela, sempre somos os primeiros a serem atacados. Claro que nós aqui representamos a sociedade porto-alegrense como um todo, sociedade doente pelo regime que aí está. Claro que cada um de nós, representando um segmento social, pratica os atos que aquele segmento pratica. Só que, esses mesmos segmentos, não gostam de se enxergar no seu próprio espelho e usam os representantes desta Casa para criticar, porque não tem coragem de fazer a sua própria autocrítica. Isto fala, não só aos Governantes e governados, mas também incluo os meios empresariais. Por tudo isto, sou consciente de que novos tempos virão e que novos tempos e que neste momento encerramos um ciclo de lutas e que se reabre um novo ciclo. Desejo, por último, dizer que nem a ditadura, nem tão pouco o fracasso da Nova República serviu para mudar a minha postura. Saio desta tribuna com os mesmos sonhos que nela ingressei. Aqueles que pensam que as pessoas que têm alguma formação são capazes de desvia-las de seus caminhos, enganam-se. As idéias não são possíveis de serem roubadas. Os sonhos não se podem simplesmente jogá-los fora. A luta continua, cada um de nós terá o seu canto, terá os seus instrumentos e terá a sua oportunidade. Por isso, renovo o meu primeiro discurso nesta Casa com as mesmas esperanças, com os mesmos sonhos, sabendo apenas das dificuldades que eles enfrentam.

Nunca fui o mais valente, mas nunca fui o mais covarde. Tenho, comigo, ao longo de uma existência, uma profunda dificuldade de distinguir a valentia e a covardia, são pontos que se encontram por serem opostos e que se confundem numa existência. Por isso, ofereço aos meus Pares o meu profundo agradecimento, não nominarei nenhum para não ser injusto com qualquer. Mas, fundamentalmente, desejo aos novos integrantes desta Casa que eles saibam da dimensão da Câmara Municipal de Porto Alegre que, ao longo da história brasileira, tem, quer queiram, quer não queiram, uma grande representatividade, que várias vezes os noticiários nacionais se voltaram para ela e nos momentos mais agudos. Quero desejar êxito a eles, como também quero desejar êxito como cidadão, como filho desta Cidade, à nova Administração. Por último, foi grata a convivência. Aprendi muito, tive grandes momentos de alegria, tive grandes momentos de dor. Quem não tiver dor, na vida pública, não passou por ela. A vida pública é feita de dor. Por isso, sou uma pessoa extremamente satisfeita, por poder sair daqui com o coração limpo e com a consciência tranqüila de que encaminhei, junto aos meus pares, ao longo de três mandatos, ao longo desta Casa, aquilo que de melhor poderíamos fazer. Nunca é o ideal, mas, certamente, é melhor que aquilo que os grilhões da ditadura desejavam fazer. Saio confiante, esperançoso  e pronto para novas lutas, retemperado nas forças, tendo cumprido uma missão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Fiquei muito honrado em presidir os trabalhos, neste momento de despedida do Presidente Brochado da Rocha, por tê-lo como companheiro e como amigo, por ele e sua equipe de trabalho terem desenvolvido um excelente trabalho da Administração da Casa nestes dois últimos anos. Não me considero Presidente para a próxima Legislatura, tendo em vista que isto depende dos companheiros agora, no dia 1º, da eleição da Mesa. Se eu for Presidente, vou fazer de tudo para honrar, também, a Administração da Casa, no próximo ano.

Um abraço a todos e um bom ano de 89. Muito obrigado.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 14h11min.)

 

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